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ANÁLISES   05/07/2013
CNC: Boletim Conjuntural do Mercado de Café

Em junho, prevaleceu o movimento de queda das cotações nos mercados futuros dos cafés arábica e robusta, respectivamente nas bolsas de Nova Iorque (ICE US) e Londres (Euronext Liffe). As variáveis macroeconômicas internacionais, o grande número de posições vendidas e as informações de impacto baixista referentes às principais origens foram os causadores da desvalorização no preço do café. No mercado doméstico, não houve volumes expressivos de negócios, principalmente em função das baixas cotações – que só não foram menores em função da valorização do dólar – e das condições climáticas que prejudicaram a colheita e a qualidade do café arábica.

O vencimento julho do contrato C da bolsa norte-americana acumulou perda de 900 pontos no mês, saindo de US$ 1,29 por libra-peso, no início de junho, e chegando ao patamar de US$ 1,20 no último dia 28. Porém, ao longo do mês, foi atingida a mínima desde setembro de 2009, a US$ 1,1760/lb, na terceira semana de junho, quando o Banco Central dos Estados Unidos (FED, em inglês) sinalizou que pretende suspender os incentivos monetários a partir do final deste ano. O pronunciamento da autoridade norte-americana abalou as bolsas, pois, indicando a redução de injeção de dólares no mercado, provocou forte movimento de compra desta moeda, valorizando-a e reduzindo a atratividade das commodities em geral.

Outra consequência do pronunciamento do FED foi a desvalorização das moedas, principalmente dos países emergentes – entre os quais o Brasil –, em relação ao dólar. O real mais fraco estimula as exportações, com impacto negativo nas cotações internacionais do café. Para conter a alta do dólar, o Banco Central brasileiro interveio fortemente no mercado por meio de leilões de swap cambial e também zerando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa e derivativos cambiais. Na última semana de junho, foi extinto, ainda, o recolhimento compulsório sobre posições vendidas de bancos no mercado de câmbio. Mesmo com as medidas intervencionistas, o dólar acumulou alta de 4% ante o real, encerrando o mês cotado a R$ 2,215.

A percepção dos investidores quanto ao cenário macroeconômico internacional também piorou devido às perspectivas de menor crescimento na China e às incertezas quanto à recuperação econômica da Zona do Euro e do Japão. Especificamente em relação ao mercado futuro do arábica, a divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês) sobre a safra brasileira 2013/14 reforçou a equivocada percepção dos especuladores sobre ampla oferta de café, com impacto de aumento das posições vendidas.

Durante o mês passado, as posições líquidas vendidas dos fundos nos mercados futuro e de opções de Nova Iorque aumentaram 29%, atingindo 27.560 contratos na última semana, ante 20.991 no mesmo período de maio. Em relação aos estoques certificados de café na ICE US, não houve variação significativa em volume, que oscilou em torno de 2,75 milhões de sacas.

Na Bolsa de Londres, o vencimento julho do Contrato 409 apresentou queda acumulada de 8%, encerrando o mês a US$ 153 por tonelada. Essa perda ocorreu mesmo em um cenário de estoques decrescentes e demanda aquecida pela variedade robusta, sendo reflexo, principalmente, do elevado número de posições vendidas pelos investidores. A aposta na queda das cotações foi motivada principalmente pelo clima chuvoso no Vietnã, que arrefeceu os temores de significativa quebra da safra 2013/14 do país asiático. No entanto, esse cenário não refletiu a realidade da comercialização de robusta nas principais origens, pois os cafeicultores vietnamitas e indonésios retraíram a oferta, somente vendendo café mediante pagamento de prêmios que compensassem a queda da bolsa, os quais variaram de US$ 140/t a US$ 230/t.

No mercado doméstico brasileiro, também predominou a desvalorização das sacas de café. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apresentaram queda acumulada de 1,2% e 2,6%, respectivamente para o arábica e ao robusta. Os índices não apresentaram desvalorização mais acentuada em função da alta do dólar. Com a incidência de chuvas em várias regiões brasileiras, a colheita do café arábica foi retardada e o excesso de umidade afetou a qualidade dos grãos. O volume de negócios foi fraco devido aos preços não remuneradores (a saca do arábica permaneceu abaixo dos R$ 300,00) e ao atraso nas operações de colheita.

Em relação à política do setor, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu a distribuição dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a safra 2013. O valor total, de R$ 3,160 bilhões, foi distribuído conforme o gráfico abaixo. A Secretaria de Produção e Agroenergia e o Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) também deram início ao procedimento para contratação das instituições financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural - SNCR que atuarão como agentes financeiros na aplicação e na administração dos recursos do Funcafé 2013. O mês de julho se inicia em clima de negociação para a definição dos instrumentos de ordenamento de oferta e garantia de renda (Pepro e Opções) que vigorarão no ciclo cafeeiro 2013/14.



Fonte: CNC
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